Tradição Gaúcha: V tropeada Taquara - São Francisco de Paula 27.05.2011

Foi como se estivesse no século XVIII. Uma tropeada de muares pelos caminhos sinuosos da encosta da serra entre Taquara e São Francisco de Paula. Momentos inesquecíveis e raros nos tempos de hoje.

Pela quinta vez consecutiva, Marco Aurélio Angeli, mais conhecido por “Zoréia”, refaz um dos caminhos dos tropeiros que conduzia antigamente muares para a Serra Gaúcha. Há cinco anos é convidado pela Prefeitura de São Francisco de Paula para fazer a abertura oficial da Festa do Pinhão, que neste ano está na 15ª edição.

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Normalmente colocaríamos os animais num caminhão e levaríamos até o evento, fazendo apenas um pequeno percurso de apresentação. Mas ao contrário, Zoréia prefere conduzir a tropa a casco desde a localidade de Açoita Cavalo no Município de Taquara (onde tem seu criatório de muares) até São Francisco de Paula, percorrendo aproximadamente 38km em meio a uma paisagem exuberante, acompanhada boa parte pelo Rio Padilha. É uma viagem no tempo.

Eu e Wernek, tivemos a honra de participar e registrar esta raridade, que só não se exterminou ainda, porque existem pessoas como o Zoréia em Taquara, Ivan Machado em Caxias, Claudio Borges em Bom Jesus que insistem em manter viva esta tradição, produzindo e criando muares, bem como confeccionando suas tralhas com a finalidade de divulgarem o Movimento Tropeirista no Rio Grande do Sul, que desde o início do século XVIII até a metade do século XX, era comum em nosso Estado.

Chegamos na quinta-feira (26.05) a noite e fomos direto para a casa do Sr. Aécio Roberto Gampert, Presidente da Associação Recanto Galponeiro, entidade responsável por organizar eventos tradicionalistas na Região, incluindo o Acendimento da Chama Crioula 2011 e acampamento Farroupilha do Vale do Paranhana. Não é que o vivente estava de aniversário! Foi uma baita festa com muito churrasco, saladas e até paçoca de pinhão.

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Lá pelas tantas, chega o Elton Saldanha para dar um abraço no aniversariante e após alguma prosas sobre cavalgadas pegou seu violão e cantou um monte de seus sucessos. Foi um festão, mas logo em seguida pegamos a estrada e rumamos para a casa do Zoréia, onde espichamos os pelegos e dormimos.

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São 05:30hs de sexta-feira (27.05). Hora de levantar e se preparar para a jornada do dia, tropear cerca de 17 mulas e burros soltos até São Chico ao som do cincerro da égua madrinha.

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Esta é a cadela Cravina que nos acompanhou o tempo todo ao lado de sua filha que está apredendo a lida tropeira.

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E lá se vai a tropa.

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No comando o Zoréia, pelo meio o Wernek...

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...e na culatra o Jonas, filho do grande tropeiro de gado da Serra, Zé Fonseca.

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Fiquei no apoio, registrando tudo, mesmo porque ainda estou me recuperando de uma cirurgia no joelho, mas que deu vontade de montar, deu! Se tudo der certo, já estarei cavalgando no 3º Encontro de Muleiros na Fazenda Souza em Caxias do Sul no dia 04 de junho.

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Uma pausa para o almoço nas margens do Rio Padilha.

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No caminho casas antigas.

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Carroções.

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Pontilhões.

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Além de paisagens fantásticas.

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No meio do caminho uma chuvinha fina começou a cair para refrescar os cascos.

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Aos poucos a chuva engrossou.

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Depois a chuva virou nevoeiro fechado.

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Chegando em São Chico.

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Atravessando a Cidade.

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Mais 3 km até o Parque de Rodeio Davenir Peixoto Gomes - Balança.

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A chuva mandando ver!

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Mas a cadela Cravina firme.

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Chegamos por volta das 15:00hs na Balança, com muita chuva.

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Ajeitamos a burrada e nos dirigimos para a Fazenda do Pinto para o pouso.

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Na Fazenda do Pinto, a beira de um fogão a lenha, muita prosa e o Jonas cozinhando um arroz com linguiça.

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E assim terminou o dia desta tropeada macanuda. Após a janta se ajeitamos para dormir, porque no outro dia tinha mais.
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